O apóstolo Paulo, se referindo ao retorno de Cristo, declara: "Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia (2 Tessalonicenses 2.3). O dicionário define apostasia como abjuração, deserção da fé, mudança de crenças, abandono de um partido ou de uma antiga opinião, no caso, abandono da igreja ou da primeira fé.
Apenas Satanás tem interesse em ver o crente abdicando de sua fé. Foi o que ele fez com Eva, levando-a a comer do fruto proibido por Deus. Um dos seus ardis em nossas igrejas hoje é tentar desviar o foco principal do verdadeiro culto e adoração a Deus, passando então para o entretenimento e a distração.
O mundo passa por uma fase aguda de mudanças. Mudanças para pior, em certo sentido. As igrejas não poderiam deixar de ser afetadas apesar de a Palavra de Deus não mudar. O culto hodierno já não é mais o mesmo de outrora. A solenidade, a reverência e o quebrantamento cedem lugar, em algumas igrejas, ao improviso, ao entretenimento e à irreverência. A música parece ter um peso maior nos desacertos com o barulho exagerado dos instrumentos musicais - no qual se destaca a bateria. Palmas e aplausos são outro ingrediente que tem distraído e tirado a concentração do adorador mais compenetrado, ao contrário do que foi recomendado por Paulo: "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem" (1 Co 14.40).
Tenho lido artigos de irmãos alertando sobre o que vem ocorrendo em nossas igrejas, o que também mostra a preocupação de outras pessoas sobre a questão. O foco principal da adoração parece não ser mais o Senhor, mas o homem com suas práticas e louvores, estando mais centrado no entretenimento do que na reverência. A meu ver, o chamado encontro de gerações tem sido um complicador neste processo todo. De um lado, a geração antiga procura sobreviver com os ensinos adquiridos junto a seus pais e à Santa Palavra, enquanto de outro lado a nova geração é absorvida pelas práticas vindas de fora. O jovem, por sua natureza, é o mais influenciado pelas novidades que surgem. A igreja procura então seguir o estilo da juventude, tanto na música, no comportamento e na indumentária. Poucos são os que conhecem os hinos do Cantor Cristão. Neste emaranhado de práticas as chamadas igrejas da prosperidade e de cura estão pregando o Evangelho à sua moda. Ali, o pecador não é tratado como objeto de salvação, mas como alvo de comércio e experiências de curas. Não se fala em pecado. Não se fazem apelos aos pecadores para que aceitem a Jesus. A ordem agora é chamar as pessoas à frente para obterem bênçãos materiais, curas e prosperidade. Os apelos vindos de lá têm desviado os incautos de suas congregações. Aqui se esconde o perigo maior: a mudança de nossa fé e prática pela competição entre denominações e igrejas na pregação de um evangelho fácil, atraente e lucrativo. Não podemos absorver os erros das pessoas de fora e dos falsos mestres contra os quais Paulo adverte: "Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvido a espíritos enganadores, e a doutrina de demônios" (1 Timóteo 4.1). "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!" (Mateus 7.22 e 23). Como seremos em 10, 20 ou mais anos? "Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" (Lucas 18.8). Nestes tempos difíceis e proféticos em que vivemos, pastores e líderes devem redobrar esforços no sentido de bem conduzirem os rebanhos e apresentá-los ao Bom Pastor, que dirá:" Vinde, benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (Mateus 25.34).
Dc. Raimundo Martins de Morais
PIB em Ataíde, Vila Velha (ES)