A nossa proposta nesse dicionário é esclarecer aos próprios e à outros que tenham curiosidade de entender o que significam alguns jargões e/ou o que tem sido entendido sobre algumas coisas, no contexto pós-moderno de adoração e adorador, o extravagante.
Fruto de aguda observação e alguns anos de vivência na mentalidade do adorador pós moderno, lhes trago esse material. Quem tem ouvidos, ouça!
Adoração: Momento no qual, por meio de músicas ora barulhentas, ora melancólicas, porém igualmente maçantes e superficiais, é seguido um ritual de sons, movimentos exagerados e expressões faciais de dor com os quais o indivíduo se torna mais santo, menos mundano e mais perto de Deus. Ritual esse comandado por um ministro e em alguns casos até mesmo por um CD.
Adorador: status do indivíduo que se dispõe, sem sombra de indagação à tudo o que disser o ministro de adoração e/ou seus cantores favoritos.
Arte: Estratégia de evangelização.
Artista: O oposto de adorador; do ministro.
Bíblia: Livro largamente (e erroneamente, na maioria dos casos) citado, mas pouco consultado, pesquisado ou minimamente lido. Para os levitas: Fonte inesgotável de analogias, utilizada muito para justificar todo o tipo de exagero e manipulação congregacional no momento do louvor; os chamados "atos proféticos" por eles realizados. Muito lembrado, também no momento em que se escolhem os nomes para as bandas ou ministérios. Para os pregadores: Instrumento principal de imposição da "verdade" e de toda sorte de doutrinas e, consequente manipulação em massa. Também utilizado para dar algumas ordens à Deus.
Dança: Uma forma de adoração espontânea e profética. Como expressão de cultura nacional é considerada um pecado, contudo, quando dançado em ritmos norte-americanos como o hip hop, break dance, se torna uma boa forma de evangelismo. Na reunião congregacional há a dança profética, um conjunto de movimentos suaves, repetitivos e teoricamente carregados de significado sobrenatural, se assemelha à dança contemporânea ou ao balé, porém sem a mesma riqueza.
Deus: Ser desconhecido, não obstante muito admirado e aspirado. Se apresenta de diversas maneiras: no momento de dor, assume o papel de um analgésico: foi feito para acabar com o sofrimento em algumas horas e caso não o faça, é alvo de profunda decepção; nos momentos de felicidade, geralmente é relevado; algumas vezes se mostra como Todo Poderoso e todo castigador, detentor da grande marionete do mundo, velho, rabugento, severo tentador de seus servos; outras porém, como um ser inseguro e carente, que necessita de toda a adulação do Universo, e que para recebê-la, cede a todos os nossos desejos. Um ser a nossa imagem e semelhança.
Diabo: O responsável por tudo de ruim que acontece e aconteceu no mundo. Ser maligno que impõe mais temor e respeito aos seguidores de Cristo que o próprio Cristo, motivo pelo qual os cristãos não gostam que se mencione o seu nome ou de seus demônios, nem mesmo que se zombe dele o que atrairia sua fúria.
Gafanhoto: Pseudônimo para irresponsabilidade na administração financeira. Espírito que se fortalece quando não dizimamos ou quando não ofertamos com generosidade.
Ímpio: quem não é crente.
Jovem: Casta facilmente amoldável. Amantes de músicas agitadas e tudo que não exija reflexão, seus intelectos não devem ser estimulados, assim como sua capacidade analítica, o que causaria um pandemônio, deixando-os indomáveis e facilmente tragáveis pelo Inimigo.
Incrédulo: quem não é crente.
Louvor: Música de estilo norte-americanos ou europeu que possui uma boa quantidade de referencias bíblicas.
Mundo: todas as pessoas que não se declaram explicitamente cristãs.
Pecador: quem não é crente.
Samba: Musica extremamente mundana, exceto se de conteúdo explicitamente cristão. Ainda assim, inapta para a reunião congregacional. A dança é inaceitável em qualquer dos casos.
Unção: Soma de carisma e fama. A capacidade de fazer a platéia gritar, pular, chorar etc. e de fazer milagres de cura espetaculares.
Universidade: Um dos lugares mais perigosos da Terra, onde é aprendido toda a sorte de teorias heréticas, lugar onde noventa e nove porcento dos jovens cristãos se desviam dos caminhos do Senhor, logo, um lugar a ser evitado.