sábado, 30 de maio de 2015

Críticas do Pentecostalismo

O Pentecostalismo é uma ameaça perigosa à igreja de Cristo, que tem o chamado para apegar-se à verdade revelada na Palavra de Deus. Podemos medir o afastamento espiritual e teológico de grande parte da igreja mundial, no fato do Pentecostalismo ser tolerado e aprovado dentro das igrejas Reformadas e Presbiterianas. Ele é um movimento destrutivo que contradiz a doutrina da Escritura sobre a obra do Espírito Santo, e beira à blasfêmia contra o Espírito Santo, se não o for realmente.

Mencionamos aqui, de certa forma brevemente, as objeções ao Pentecostalismo que procedem dos ensinos da Escritura.

O Pentecostalismo é seriamente errôneo quando fala da segunda bênção ou batismo com o Espírito Santo como um poder para trazer o filho de Deus a um nível mais alto de espiritualidade e piedade. Ao fazer isso, o Pentecostalismo desdenha a vida ordinária do cristão que diariamente cumpre o seu chamado na sua vida no lar, na igreja ou nos negócios. Essa luta diária contra o pecado, essa batalha constante para viver em obediência a Deus, essa disposição em carregar a sua cruz com paciência, tudo isso e muito mais que pertencem à vida do cristão no mundo, é desprezado e denegrido. Tal cristão é, aos olhos do Pentecostalismo, um cristão de segunda classe, que não alcançou o nível mais alto, nobre e espiritual de piedade e experiência cristã que pertencem à "elite espiritual." Tal classificação perversa de cristãos cheira a farisaísmo.

O Pentecostalismo fala de dons do Espírito que pertencem ao período apostólico. Isso é um erro sério. Carece completamente de um entendimento do propósito dos dons especiais. Deus deu dons especiais à igreja primitiva como sinais da verdade do evangelho. Isso foi necessário porque as Escrituras não estavam escritas ainda, e aqueles que eram trazidos, pela pregação do evangelho, à fé em Cristo, não tinham a Escritura completa com a qual comparar os ensinos dos apóstolos, a fim de determinar sua verdade. Eles não podiam fazer perfeitamente o que os cristãos bereanos2 fizeram em partes: examinar as Escrituras para ver se as coisas eram assim. Mas quando as Escrituras foram completadas, a necessidade de sinais e maravilhas cessou. A igreja tinha a Palavra de Deus escrita. Isso não era apenas suficiente, mas muito, muito melhor que sinais e maravilhas. Na realidade, amparar-se em sinais e maravilhas como uma parte necessária da vida do cristão é falar com desprezo da Palavra de Deus na Bíblia. É dizer que a Bíblia não é suficiente; algo mais é necessário. É fazer o que o homem rico no inferno queria quando implorou a Abraão que enviasse Lázaro aos seus irmãos, pois um fantasma dentre os mortos faria o que a Bíblia não podia fazer. Que os pentecostais ouçam as palavras de Abraão ao homem rico: "Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite" (Lucas 16:31).

Que os pentecostais ensinam a importância dos sinais e maravilhas não é estranho. Eles realmente não crêem na suficiência da Escritura. Eles querem adicionar algo, em contradição às palavras da própria Escritura em Apocalipse 22:18.3 Eles querem profecias, revelação adicional através daqueles que falam em línguas, palavras especiais da parte de Deus por meio de revelações especiais. Não me surpreenderia se algum dia o Pentecostalismo produzisse uma Bíblia adicional.

O Pentecostalismo permanece na tradição do misticismo. Não preciso falar sobre isso, pois já abordei o misticismo num artigo anterior. Mas que seja dito, embora brevemente, que o misticismo dos pentecostais permanece na tradição do misticismo horrível que apareceu ao longo das eras na igreja, desde o movimento montanista no terceiro século. O cristão que alcançou um nível mais alto da vida cristã chegou a uma comunhão direta e imediata com Deus através de profecias, visões, sonhos, revelações especiais e outras experiências místicas.

O misticismo tende a ignorar Cristo, pois fala de comunhão direta com Deus em encontros com Deus que são caracterizados quase inteiramente por êxtase espiritual, experiências altamente emocionais, encontros indescritíveis com o divino, e um voar da alma aos reinos celestiais que imergem a pessoa no ser divino. Aqui é onde o Pentecostalismo e o reavivalismo se encontram. Líderes de reavivamento falam de encontros diretos com o Deus triúno, no qual eles falam com Deus, discutem com ele vários assuntos, recebem de Deus várias informações que por sua vez eles comunicam aos outros. Evan Roberts, a principal figura no reavivamento galês de 1904-05, falou de suas conversações com Deus, a duração das quais ele marcava olhando de relance para um relógio à medida que a conversação prosseguia.

O Pentecostalismo é mortalmente místico e nega que o único caminho para o Pai seja através de Cristo. Cristo é apresentado nas Escrituras, e somente nessas Escrituras conhecemos a Cristo, e conhecendo a Cristo, conhecemos a Deus. Mas esse conhecer de Deus através de Cristo revelado na Escritura é uma apreensão intelectual da verdade da Escritura, e nunca uma revelação à parte das Escrituras. A vida eterna é, de acordo com Jesus em sua oração sacerdotal, conhecer a Deus como o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem ele enviou.

Finamente, tanto o Pentecostalismo como o misticismo têm um entendimento incorreto do Pentecoste. O Pentecoste foi o derramamento do Espírito Santo sobre a igreja, que marcou o fim da velha dispensação e o começo da nova. Pois, de acordo com João 7:39, o Espírito Santo, como o Espírito do Cristo assunto ao céu e glorificado, não existia no Antigo Testamento. (Veja também Atos 2:33). A nova dispensação difere da velha em aspectos significantes por causa da presença do Espírito na igreja. Na velha, a igreja estava limitada aos judeus; na nova, a igreja é reunida de todas as nações da terra. (Por conseguinte, o sinal de falar em línguas). Na velha, os crentes eram totalmente dependentes dos profetas, sacerdotes e reis para conhecer a vontade de Deus; na nova, os crentes têm o Espírito e não têm "necessidade de que alguém os ensine" (1 João 2:27; Hb. 8:10-11). Na velha, a revelação de Deus era limitada a tipos e sombras, que capacitava os santos a conhecer somente em parte; na nova, os crentes são guiados, através do Espírito, a toda verdade (veja João 14, 15, 16) e são capazes de entender as coisas que não entendiam antes. Os apóstolos que, mesmo no Monte das Oliveiras no momento em que Jesus subia ao céu, ainda estavam esperando um reino terreno (Atos 1:6), um entendimento equivocado baseado na falha deles em entender a obra de Cristo sobre a cruz, subitamente, após o Espírito ser derramado, entenderam tudo isso claramente; e Pedro foi capaz de pregar um sermão extraordinariamente inteligente, no qual apresentou o pleno significado da salvação consumada e perfeita de Cristo em sua cruz, ressurreição, ascensão e no seu derramar do Espírito.

O Pentecoste foi um evento de uma vez por todas. Os pentecostais e reavivalistas, que falam de Pentecostes repetidos em derramamentos especiais do Espírito, pecam grandemente em negar o significado e significância desse glorioso evento de quase 2.000 anos atrás.

O Pentecostalismo, por ser encontrado na maioria das denominações, pode muito bem ser um fator unificador num falso ecumenismo que eventualmente unirá a igreja no serviço da besta.

Fonte: The Standard Bearer, Volume 83, Issue 3 e 5, Novembro de 2006.

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