domingo, 5 de julho de 2009

Benção Apostólica?

Aos poucos, cada vez mais, nós batistas vamos distanciando a nossa prática do nosso discurso. Explico. O nosso discurso principal é que temos a Bíblia como nossa única fonte de regras de conduta e prática cristã. Não aceitamos costumes nem tradições que não sejam bíblicas.

Mas temos praticado tantas coisas em nossos cultos que não são ensinadas na Bíblia. E olha que não estou falando de dança, nem de palmas, nem de dramaturgias e tantas outras coisas que sempre combatemos. Tenho em minha mente agora, neste momento em que estou escrevendo, a famosa chamada "Bênção Apostólica".

Cresci em uma igreja batista e depois fui membro de várias outras. Até um certo tempo eu não via nenhum pastor levantando as mãos e "impondo" uma bênção apostólica. Só na minha juventude mais avançada comecei a ver isso. A primeira vez que vi, crítico como sou, desejei saber onde estava isso na Bíblia, que existia uma bênção apostólica e que só os pastores poderiam impetrá-la. Fui conferir e não encontrei. Entrei na biblioteca de meu pai e procurei muito, mas não encontrei. Desisti e fui perguntar a ele. Me respondeu que era apenas uma saudação de despedida do apóstolo Paulo no final da sua segunda carta aos Coríntios. Fui conferir e estava lá. Isto é, estavam lá os dizeres, mas não tinha nada a respeito de ser uma bênção apostólica que só os pastores poderiam impetrar.

Continuei curioso. Os pastores não são apóstolos. Sempre aprendi que apóstolos de Cristo foram somente doze. Pastores são bispos, são presbíteros, mas não são apóstolos. Então por que só eles poderiam impetrar a "benção apostólica" como se fossem sucessores dos apóstolos? Para isso não encontrei resposta até hoje.

Fiquei em dificuldades no dia da minha consagração (que muitos hoje chamam de ordenação, como se passássemos a fazer parte de uma ordem) porque estava no programa que o novel pastor impetraria a "bênção apostólica." Dificuldades porque não acreditava naquilo e dificuldade porque não decorara as palavras que abençoariam o povo. Resolvi a questão fazendo uma oração em que pedia a Deus que estivesse sempre manifestando a graça de Jesus sobre todos, que Deus estivesse sempre derramando o amor dele sobre todos nós e que estivéssemos sempre desfrutando da comunhão do Espírito Santo. Pedi e me despedi do Pai afirmando que estava pedindo em nome de Jesus. Não tenho coração de fazer uma oração em meu próprio nome, ou como se fosse um apóstolo, como aguém que tem algum tipo de direito de abençoar o povo. Procurei fazer o que creio que o apóstolo Paulo fez: manifestou o seu desejo de que aquela igreja estivesse desfrutando plenamente das manifestações de Deus.

Até hoje não consigo impetrar bênção apostólica.

Pr Dinelcir de Souza Lima

batistastradicionais.blogspot.com

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