terça-feira, 13 de maio de 2008

Uma nova reforma?

"O que está acontecendo agora é uma nova Reforma", disse há pouco tempo um dos pregadores desse neopentecostalismo que já tomou para si várias Igrejas batistas, expressando o seu entusiasmo pelo que considerava "mudanças e conquistas" conseguidas pela sua "Igreja" e outras, especialmente no que tange ao sucesso com as multidões e com a mídia. Mas ele está enganado. O que estamos testemunhando com esse frenesi em busca das almas, mas não por causa da paixão por elas, temendo-se que possam se perder e ir para o inferno, salvo em algumas exceções, mas sim pela paixão por outras realidades, pode ser bem descrito num trecho de um trabalho recentemente apresentado por dois mestrandos de teologia do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Elimário F. Silva e Henrique R de Araújo no qual abordam a questão do pós-modernismo e neopentecostalismo, trecho que eu tomo a liberdade de reproduzir.


"As Mega-Igrejas hoje são comuns. Dois, cinco, dez mil membros são encontrados em algumas delas e como em um grande mercado multinacional as maiores têm absorvido as menores...Os best-sellers importados são sempre os privilegiados assim como os autores estrangeiros. O que importa não é o que é bom, mas o que é vendável, ocorrendo o mesmo com os CDS, pois não importa a letra. O que importa é se é o "batidão" da hora...A Bíblia deixou de ser a Palavra de Deus para ser um livro a mais de estudo citado de vez em quando nas aulas de teologia.
A fama e o sucesso tornaram-se os objetivos dos pastores e das Igrejas. A Igreja não é mais a finalidade do obreiro, mas a Igreja tornou-se um meio (geralmente financeiro) para que os pastores atinjam seus fins. Livros, fitas, cds, dvds, são reproduzidos aos milhares com o dinheiro das Igrejas nos templos que, por sinal, tornaram-se palcos de auditório com iluminação, gruas, cinegrafistas e maquiadores por todos os lados, enquanto os congressos e eventos são multiplicados cada vez mais. O que era o acontecimento do ano tornou-se semanal. A arrecadação para mover toda a máquina precisa ser cada vez maior. Outdoors, back-lights, home-pages, mídia televisiva, spots radiofônicos, banners, e tudo isso custa dinheiro, em geral muito dinheiro, de forma que os organizadores de evento representam uma profissão cada vez mais lucrativa no meio gospel.
"


Obviamente que sem nos opor ao uso do contemporâneo para a divulgação do Evangelho (e essa não foi a intenção dos autores do trecho acima citado), preocupa-nos ver o que está acontecendo, e os resultados advindos disso - uma massa de gente se dizendo "crente em Jesus" mas sem compromisso com a cruz (que aliás tem sido substituída pela "estrela de Davi" em várias dessas novas "denominações) e que sem conhecimento bíblico permite ser colocadas sob o jugo da Lei que já foi abolida por Cristo (sete semanas, derrubada disso ou daquilo), levadas ao "sacrifício" que não é aquele do "culto racional" pedido pelo Apóstolo.


Não, isto nada tem a ver com a Reforma e, por isso não pode ser considerada "uma nova Reforma". Isto é o retrocesso dela, a negação dela porque até as "indulgências" contra as quais se levantaram os reformadores, estão hoje sendo repetidas de uma outra forma, mas com a mesma finalidade - "vender bênçãos". Dê "50" para DEUS te dar "100" e por aí em diante. A "velha idolatria" que Lutero dizia "precisa ser tirada primeiro do coração para então ser tirada de diante dos olhos", está presente nesses movimentos porque "idolatrar" é por algo ou alguém no lugar de DEUS, de JESUS CRISTO e quando as pessoas são instadas a fazer isso ou aquilo durante esse ou aquele tempo como as "tais correntes" e, em alguns casos até usarem objetos como "ramo de arruda", "rosas abençoadas", etc., inevitavelmente são levadas a idolatrar o que estão fazendo ou o que estão usando, porque passam a depender daquilo e quando acreditam que conseguiram "a tal benção",acabam dizendo que a conseguiram porque fizeram assim e assim e a misericórdia de DEUS que até mencionam, é tão somente um artifício.


A nova reforma, na verdade, tem de ser a restauração dos postulados da primeira: A Graça somente, A Fé somente, a Escritura somente e o sacerdócio do próprio crente, somente. A Graça de DEUS que por causa da nossa natureza pecaminosa que nos condena à morte eterna, se manifestou no envio de JESUS CRISTO para morrer de forma aviltante numa cruz nos livrando da condenação imposta por nossa natureza pecaminosa, A Fé em JESUS CRISTO apenas como único e suficiente SALVADOR o que faz Dele nosso SENHOR ABSOLUTO e impede que a Fé se torne em crendice, a Escritura Sagrada como a palavra final para as nossas práticas e a Competência da Alma em chegar a Deus sem a intermediação de qualquer nome que não JESUS CRISTO, é que precisa mais do que nunca ser pregado. Estes são os princípios do Evangelho restaurados pela Reforma, mas que estão outra vez desaparecendo.


Pr. Valdemir - IB. do Parque São Basílio

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