quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Batista Tradicional, sim, Senhor!

Estava eu no meu caminho quando um pastor batista, fazendo uma meditação devocional no Velho Testamento, saiu-se com esta: "O que os batistas tradicionais têm de entender é que os tempos são outros." Confesso que aquela frase me incomodou. Não só porque tal declaração não se encaixava no texto bíblico, em questão, mas também pela altivez e o sarcasmo com que foi mencionada. Estou acostumado a este tipo de argumentação, não vindo dos nossos, mas de alguns grupos pentecostais e carismáticos que, julgando-se donos de toda a verdade cristã, nos tratam como sub-cristãos. Mas, agora, aquela empáfia vinha do nosso arraial, e o colega em causa referia-se a nós como espécies de igrejas que jogam na segunda divisão do cristianismo.


No meio batista, hoje, o termo tradicional assumiu um sentido pejorativo. Para alguns, o tradicional é o saudosista: aquele que defende, zelosamente, as formas de culto, os métodos de trabalho e os pormenores de organização eclesiástica de cinqüenta anos atrás.


Hoje, as igrejas evangélicas no Brasil se parecem com McDonald. É que quem conhece essa cadeia de fast-food sabe que ao pedir um Big-Mac, em qualquer parte do mundo, receberá o mesmo sanduíche. É tudo igualzinho, não muda nada. Com o perdão do neologismo, estamos vendo a "Mcdonaldização" das igrejas evangélicas no Brasil. Todas cantam e imitam a Ana Paula Valadão. Todas cantam os mesmos corinhos em altos decibéis, com aqueles mesmos sermõezinhos inócuos, todas usam os velhos e vazios chavões, sempre as mesmas repetições. Quem foge disso é visto como mumificado e ultrapassado. Numa palavra: tradicional.


Esta gente se esquece que os "tradicionais" firmaram o evangelho no mundo. Foram os grupos históricos, tradicionais, que chegaram aqui, no final do século XIX, para evangelizar o Brasil. Entre os batistas, foi gente da cepa de Wiliam Bagby, Salomão Ginsburg, Francisco Soren e outros que deixaram a base da nossa fé. Tivemos mártires. Tivemos templos incendiados, Bíblias queimadas e pastores perseguidos. Abrimos seminários, inclusive os que formaram os líderes desta gente que hoje tanto nos critica. Fizemos traduções da Bíblia. Criamos universidades, faculdades, colégios e hospitais. Construímos uma identidade evangélica com suor e com sangue.


Além disso, deixamos um legado ético, lamentavelmente, tão esquecido hoje no arraial evangélico. Ainda somos vistos como gente séria, de palavra digna de ser respeitada, porque assumimos um compromisso com Deus e com os valores do evangelho.


Ser batista tradicional é não ser exótico e querer honrar a Jesus, então sou tradicional. Se ser batista tradicional é querer ter o caráter de Cristo em sua vida, então sou tradicional. Se ser batista tradicional é privilegiar conteúdo bíblico ao invés de gritos e barulhos em cultos públicos; então sou tradicional. Se é cultivar reverência e temor a Deus em tudo o que faz, até  mesmo no culto comunitário, então sou tradicional. Se ser batista tradicional é entender que o culto que Deus aceita é prestado com a nossa vida, 24 horas por dia; e não naquele período que se passa dentro de um salão de cultos, aos domingos; então sou tradicional.


Respeito grupos evangélicos que têm práticas e crenças diferentes das minhas. Que Deus os abençoe. Só queria entender que tipo de experiência profunda com Deus tem um homem que, ao invés de torná-lo cheio do Fruto do Espírito (Gálatas 5.22,23), faz dele uma pessoa besta e cheia de empáfia.


Renato Cordeiro de Souza - www.ibrp.org.br

7 comentários:

Anônimo disse...

Meu amado sou da IEAD e quero parabenizá-lo pelo texto, a tua reflexão é muito centrada e pertinente. Dizer que os tempos mudaram é dizer que o Deus que é o mesmo ontem, hoje e eternamente também mudou!!! Abraços de um assembleiano tradicional!!!

Anônimo disse...

Meu amado irmão que O Senhor Jesus contnue te abençoando sempre e tedando sabedoria dos altos céus para que o mado continue com essa convicção que os tradicioinais são os verdadeiros Cristãos e não osa verdadeiros barulhentos parabéns que Deus os abençoe

Eduardo Garrido disse...

Precisamos como Batistas Tradicionais ser enfáticos em DEFENDER a fé cristã com todas as forças, e isso se faz com a PROMOÇÃO da EDUCAÇÃO e o ENSINO nas nossas Igrejas, principalmente aos jovens, valorizando assim o que é ser Batista. Lamentavelmente Igrejas Batistas tradicionais tem abolido a ESCOLA DOMINICAL com a desculpa de que não tem espaço para realizá-la com o aumento dos congregados. Simultaneamente cresce o tempo na liturgia de culto para as manifestações dançantes e os "louvozões", atraindo os jovens. Resultado igrejas cheias, entupidas, com alausos e muuuuuiiito barulho, e mensagem com muiiiito blá, blá, blá. Se em outros celeiros não batistas isso ocorre, problema para o outro lado, pois o próprio Apóstolo Paulo exorta a deixar quem pregue frudulentamente isso fazer, pois de qualquer forma a Palavra de Deus está sendo pregada, melhor é estar em uma igreja do que está em um bar. Mas não posso me conformar (me irrito com isso) em ver algumas lideranças Batistas Tradicionais conduzir o povo sem nenhum incentivo ao ESTUDO e MEDITAÇÃO NA PALAVRA. ISSO É REBELDIA PARA COM A ORDEM DE DEUS, observada quando se lê as cartas de Paulo. Por isso vemos muitos membros com comportamentos não condizentes com a Palavra, principalmente os mais novos convertidos, dessa última década, como diz a Bíblia: Errais por não conhecer a Palavra de Deus. Ser batista é um privilégio, pois antes de ser Batista, é ser defensor ferrenho dos ensinamentos genuínos da Bíblia como única fonte de fé e prática, por isso não tememos em disponibilizar para o povo a oportunidade de estudá-la espontaneamente, democraticamente, pois isso aumenta a probabilidade de mudança de vida, na busca de um testemunho que agrade a Deus e produza arrependimento nas pessoas que cercam o crente.

isso não tem importância disse...

sou novo nos meios batista, mas, desde de sempre tive uma visão semelhante na bíblia, na forma de culto, e definitivamente me achei, e demorei muito tempo porque nasci em um meio pentecostal, que vê os batistas como uma seita, mas no estudo crítico das opniões, dos pareceres dos greandes líderes e expoente dos dois lados, eu entendi que os crentes de formação histórica são mais coerentes, e torço para que a batista aqui do meu bairro não mude.

Unknown disse...

Nossa,.os batistas tradicionais sempre foram assim! mt aplicados ao ensino!
Jamais seremos enganados!
Gloria a Deus pelos irmaos!

Anônimo disse...

parabens pelo comentario.
eu tambem sou batista tra-di-ci-o-nal...
amo meu Jesus!!! e amo ser batista!!!
k Deus o abençoe!!
Zilma-Primeira igreja batista Central de Minas.MG

Pr. David Mulim e Jander Mayre disse...

Meu caro Renato Cordeiro. Louvado seja o nosso Deus por sua vida e por vidas, que assim como nós, "lutam pela fé entregue aos santos de uma vez por todas." (Judas 3). Não fundamentamos nossas doutrinas em supostas visões e sonhos. Nem tão pouco nossas doutrinas são denominacional, mas bíblicas. Nossos cânticos têm letras com mensagens bíblicas e não com textos bíblicos fora de contexto. Sim, sou tradicional!

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